LAÇOS E ADOÇÃO

LAÇOS E ADOÇÃO

Olympio de Azevedo

 

No reflexo do espelho cristalino

Havia algo errado em mim ou com ela

Sombra, desse amor criança menino

Dói como o poço sem água

Alma vazia não sangra desejos

 

Olhar passante é tela de cinema

Louca fantasia dança e tortura

Laços e adoção na veia cativa

Apertando as vias que choram

Pedindo passagem no eco da dor

 

Choro ainda pulsando a vida

Cultivo de amor no coração vadio

No calabouço escuro a pedra no chão

Em cacos de vidro o sorriso amargo

Estilhaçado por força da solidão…

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Novelo e Rosário

Novelo e Rosário *

   Olympio de Azevedo

                                     

 

Língua afiada no verbo é faca amolada

Afia destreza espanta o medo do medo

A fumaça sobe e a bruma desce aos pés

E a coragem fortalece o tímido de amor

Que te olha na face e grita teu nome…

 

Na lâmina do coração a força da razão

Penetra na carne e dilacera as vísceras

No rosário da paixão sem pedir o perdão

O mancebo baila no fio da navalha de aço

Em passo falso se perde na multidão

 

De tudo um pouco eu sei

O muito sei de mim 

Nada sei de vocês…

Trago a calma no peito

 

Não posso abraçar o que não é meu

Terra que corre rio navega esperança

E a madrugada cavalgando o sereno

Deita o orvalho fresco matando a sede

Da relva em sinfonia com a natureza

 

Acenda o pavio da lamparina no óleo

Do vosso nicho e ilumine a escuridão

Que agasalha vontades e desejos

Contra a luz do teu olhar duas gotas

Refletindo a claridade da doce solidão…

 

                                                    22.03.2010.

 

* Dedicado ao compositor Paulo Gabiru.

 

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Rosário de vontades

Rosário de vontades*

 

Passeando na solidão dos meus desejos quando o sereno causticante me despertou… A chuva de mormaço entrava na carne como navalha. A doce lâmina brilhava em milhões de gotículas contra a luz do poste e a madrugada ainda acalentava um sonho. Não podia oferecer o céu que não era meu, mas podia abraçar a esperança que agasalha minhas vontades…

 

                                                                                  Olympio de Azevedo

 

*Pelo dia Internacional da mulher

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Mel de Cupim

  Mel de Cupim.*

 

  Mililitros que valem ouro! O mel do Isopter iriagua helleri pode ser considerado o maior concentrado orgânico de corticosteróides, além das propriedades e forte presença da sildenafila que aumentam a libido e o desempenho sexual. Ovos dos cupins valem muito no mercado internacional e criam expectativas aos orientais e europeus.

  “Todos os cupins são eussociais, possuindo castas estéreis (soldados e operários). Uma colônia típica é constituída de um casal reprodutor, rei e rainha, que se ocupa apenas de produzir ovos; de inúmeros operários, que executam todo o trabalho e alimentam as outras castas; e de soldados, que são responsáveis pela defesa da colônia.”

  O isopterista Dr. Ibiratã Araújo, radicado município de Alagoinhas, no estado da Bahia(BR), mantém seu laboratório experimental numa região conhecida como “Pau de Cupim”, nome que surgiu devido ao porte dos cumpinzeiros, que chegam atingir 9 metros de altura em relação ao solo. Um cumpizeiro produz cerca de 200 ml ano de mel. Um mililitro (ml) = 20 gotas (gts) = 60 microgotas (mgts) o que seriam = 2400 (mgts) ano, o que torna a colheita muito difícil.

  Em entrevista com o doutor Araújo, cirurgião dentista, ele declara que a idéia de pesquisar os cupins, surgiu de um depoimento de uma paciente, – ele não revela nome – que afirmava escovar os dentes com o mel de cupim para manter protegidos das caries! Fato comprovado e induscutivel ao examinar as arcandas dentária da paciente!O uso regular do mel de cupim  tambem usado pelo marido da paciente o transformou em atleta sexual!

  Convencer a paciente a providenciar um pouco do mel de cupim para testes foi um problema. E como extrair o mel? Enzimas de celulose trabalhadas pelos cupins nas raizes das plantas é a fonte de produção do mel, alimento da rainha e do rei. Segundo o pesquisador as propriedes e beneficios do mel estudado oferece esperança a futuros consumidores. O x da questão será desenvolver o mel sintético! A colheita do mel acontece no inverno, onde a concentração é bem maior.

  O mel de cupim engerido pelo homem com uma certa frequencia cria um  pico de fluxo sanguineo provocando priaprismo,  embora com conforto, oxigenado, e ausencia de dores musculares. Em um estudo preliminar “tudo indica a presença da sildenafila(sintético), que seria a base da composição do viagra,  largamente comercializado. O mel de cupim teria as propriedades orgânicas do mesmo, sem contudo criar efeitos colaterais.”

  Como perguntar não ofende… Perguntei se ele era consumidor do mel de cupim. Com um sorriso que mais parecia um out door, disse-me apenas que “estava testado para fazer um bem a humanidade. – É o DNA das raizes, virei raizeiro – nessa fase o que incomoda é o assedio dos grandes laboratórios.” Alagoinhas era famosa pelas suas laranjas doce e pela produção de petroleo e da folha de fumo, agora pelo visto será a vez do mel de cupim!

                                                        Olympio de Azevedo

* Miolo de pote.

 

 

 

 
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Primeiro de Janeiro

 

Primeiro de Janeiro

      (Lunação)

   Olympio de Azevedo

 

Viajar sem viver o tempo

Nas caldas dos teus olhos

São estrelas puras cadentes

De um céu vazio sem destino

Temente a escuridão absoluta

 

Não há desiludir na ilusão

Entre o penar e a tristeza

A saudade é nobre e pura

Do lembrar lembrando

O canto acaricia a natureza

 

No vento que acarinha

A pele doce que arrepia

Entre a coberta e o frio

No corpo que agasalha

O sonho louco do verão

 

Olha você dentro de mim

Acorrentando a liberdade

E a vontade de ser feliz

Não sei se é bom ou ruim…

 

Para que serve

A lua sem teu olhar luar

Amar sem ser amado

Flores e relvas sem repartir

Carinhos que não são meus

 

É o sol que me aquece

Esquenta e matura a folgança

A espera da esperança

Esperança sem esperar

A saber, onde anda você

 

E quando a lua partir

O anseio emudecer o coração

Do rio que rega o mar

Sem a brisa, eco da emoção

Parto sem dizer adeus…

 

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Natal Luz

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Pixitotinha

              

 

 

                                        Reclamando a ausência de Jitirana Flor…

                De repentemente senti saudades de uma pessoinha que mora no coração! Ela não dava notícias, nem um imeiozinho de alô! Tô bem, como vai, alguma novidade? Nada! Sabe, por vezes quando a gente menos espera bate essas vontades! Não. Não é carência é aquela falta de dengo que não dispenso para funcionar a todo vapor.

                A mão tava solta vadiando no cigarro, resolvi dar trabalho aos dedos preguiçosos. Tô ficando ligeiramente enquadrado nas teorias do Hermeto Phascoal, tudo é música, de tanto ouvi-lo peguei a mania. O baião Bebê é o mais perfeito pop jazz que conheço. Miles Davis que o diga! Mandei um recadinho pra moça… Que é compositora e musicista.

               Jitiraninha pra ôce sonhar na insônia!

             Revendo meus alfarrábios, das minhas insônias e tentando organizar a produção literária, encontrei uma chuva de letras onde divago no meu pensar a vossa nobre pessoa sentada no lagedinho da porta, conversando com a melodia aquém das harmonias, na companhia de um sapo percussivo com seu coaxar. O olhar guloso do bichinho espirrador de leite, parecia feliz marcando o compasso no gogó!

            Quando não conciliar teu sono com Jitira, jitirana tira Ana do seu colo Jitiraninha e põe essa Pixitotinha pra dormir. A princesinha do brejo aluado por dona Lua buscava seus desejos mais íntimos nos acordes feridos. E o sapo percussionista como por encanto começou a cantar:

O tambor tocou na mata

E a seriema responsou

Acorda viola vadia

Que a hora já chegou

 

Teu sonho é verdadeiro

Vá na chama do nego, nagô…

O sereno deu de ré

A relva não molhou

 

Só me resta a lua cheia

Pra banhar o meu amor…

Sereno serenar

Sereno serenou

Só me resta a lua cheia

Pra banhar o meu amor…

              E o sapo animado autorizou a Jitirana cantadeira fazer um escalpo, mesmo que ele ficasse com pele de rã, tinha que fazer um pandeiro pra sua Flor! O fato é que a noite se foi pra lua se esconder e o diabin do sapo nem mais um mosquito queria comer. A língua ficou curta, os zóios marejados, entoucou atrás da porta e toda noite canta Vem cá Jitirana Flor, Vem cá Jitirana Flor, dá nutiça pra mim…

Pixitotinha morena

 

Entre ser e estar prefiro estar feliz com você

Assim jamais escutarei a melodia aprisionada

Nas gaiolas dos senhorios que festejam a bela

Busco o teu sorriso entre as nuvens na solidão

Fiapos de retalhos da memória líquida cristal

Momentos únicos pousados no olhar plural

É do teu ser encantado a cor do musgo laranjal

Gestos sedais no canto flutuante a doce voz

Quem sabe um dia possa ferir os acordes guia

Da canção que me fez chorar de amor e alegria

Pegadas das imagens impressas nos trastes

Do cedro violão acalentado em teu colo quente

 Não há como esquecer as letras do teu nome

Bordadas com carinho e pudor em ponto de filé

Fêmea guerreira artesã está pronto o cafuné?

 

 O tambor tocou na mata

E a seriema responsou

Acorda viola vadia

Que a hora já chegou

 

O teu sonho é verdadeiro

Vá na chama do nego, nagô…

O sereno deu de ré

E a relva não molhou

 

Só me resta a lua cheia

Pra banhar o meu amor…

Sereno serenar

Sereno serenou

Só me resta a lua cheia

Pra banhar o meu amor…

                                                   Olympio de Azevedo

                                                 26.08.09 no Toco da Vela

 

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Meu Pequizeiro

 

 

                        Meu pequizeiro

                                         Olympio de Azevedo

 

Seria o sol suficiente para os nossos dias?

                          Donde as árvores anseiam toda claridade

Sem pedir nada em troca filtra o oxigênio

                          Entre as trilhas da diversidade maturada

E ao sabor do vento a folha simples cai

                          Completou a tarefa de alimentar a seiva

 

Novas folhas da copa piramidal renascerão

                          Ambiente de a existência impar secular

Ressalta do seu berço a função florestal

                          Sentiu no cerne a dor da machada afiada

Não sucumbiu nas mãos dos madeireiros

                          Continuas abrigo seguro para os animais

 

Seu fruto o pequi alimenta as espécies

                          Da fauna acanhada ao homem predador…

Raízes curtidas na força e beleza das flores

                          Abrigo das pacas e da sementeira natural

O abrolhar para perpetuar o ciclo de vida

                          Vida que supre as madeiras nobres extintas

 

Eterno pequi aqui não ficarás sem floração

                          Mãos incautas não irão abater seu tronco

Outra vez amor maior para o seu cerne vivo

                          Vigilante a sua sombra e toda sua história

Sua fibra não será papel para um poema

                          Será alma integral das forças à natureza.

 

                                                                                              Serra do Timorante,

                                                                                                 14 de julho 2009.

 

 

 

 

 

 

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Características de Salvador…

Salvador, para aprender e se divertir!

Divisão Física 
Salvador se divide entre Cidade Baixa e Cidade Alta

Cidade Alta: está Pituba/Itaigara/Iguatemi: é o que importa. A única parte civilizada da cidade é o resultado de um prefeito que construiu uma avenida e ficou com preguiça de fazer o resto.

Centro Histórico: Consiste em Barra, Ondina, Pelourinho e adjacências. É habitado somente uma vez por ano, no carnaval. Durante o resto do ano, somente turistas têm a disposição de subir as ladeiras do Pelourinho para ver o Elevador Lacerda ligar o nada com lugar nenhum.

Norte: A cidade é limitada ao Norte pelo time do Bahia, bem pertinho do Bompreço. Mais ao Norte, é onde ficam as praias. Oficialmente começa em Jaguaribe (uma praia) e termina em Vilas do Atlântico (outra praia),passando por Itapoã (Outra praia que ninguém sabe como se escreve, Itapoan, Itapuã ou Itapoã). Seu acesso se dá pela Avenida Orlando Bloom, que tem a maior média de assalto do país: 2 assaltos por pessoa, por minuto. 

Brotas: é a Brooklin soteropolitano. Um núcleo de resistência independente. Tem dialeto, moeda e governo próprio. Precisa de passaporte pra cruzar a fronteira.

Cajazeiras: Não confundir com ‘cachaceiras’. Começa em Cajazeiras 1 e vai até Cajazeiras 15785. Também tem vida própria e até hoje ninguém descobriu como chegar até lá.

Ribeira: Tem sorvete na sorveteria da Ribeira, indicada pelo Guia Veja em mil novecentos e bolinha.

Liberdade: é um dos bairros mais importantes de Salvador, por conter passagens secretas que desafiam as leis da física e confirmam a teoria da quarta dimensão.

Feira do Rolo: local onde você compra o que quiser e quando quiser. É um supermercado, que sempre tem o que você procura. Lá existem coisas como fósseis de pterodátilos, órgãos para transplantes, animais em extinção (qualquer um, de tigres dentes de sabre a mutantes), armas que nem a polícia tem e objetos que foram roubados da sua casa.

Divisão Química
Salvador é composta por átomos de Hidrogênio, Axé, Dendê e Leite de Côco.

História
Idade Antiga: Melhor perguntar a Dona Canô.
Idade Média:  em seus Feudos , os caciques Tupinambás exploravam os camponeses num regime conhecido como vassalagem. Foi a época dos grandes torneios de miserês, piriguetes e tingalagatingas.
Idade Contemporânea: 1798 – Nasce ACM
1815 – É inventado o Trio Elétrico e o carnaval é descoberto
1830 – ACM vira imperador da Bahia(…)
1990 – Ivete Sangalo lança 1º CD.
1991 – Ivete Sangalo lança 2º CD.
1992 – Ivete Sangalo lança 3º CD.
1993 – Ivete Sangalo lança 4º CD..(…)
1996 – Recomeçam as obras do metrô de Salvador, projeto para 2004. Surge em Salvador a primeira música que não é Axé, o Arrocha.
2005 – O arrocha é esquecido.

Previsões:

2080 Ivete Sangalo lança 90º CD.
2090 – O metrô é inaugurado.
2093 – Morre em Salvador Ivete Sangalo.
3091 – Morre em Salvador ACM Neto.
3099 – ACM ressuscita
3666 – ACM assume ser o Anti Cristo Miserável..

Clima, Vegetação e Hidrografia
Em Salvador, faz calor. Há apenas duas estações: o verão e a de ônibus. 
A vegetação da cidade consiste em coqueiros. 
O principal rio chama-se Cocô Beach, e fica no bairro do Costa Azul.
Depois do fracasso do Bahiazul, estuda-se a possibilidade de mudar o nome do bairro para Costa Marrom, ou Costa Negra.

Cultura
Não se pode esquecer que Salvador sedia a maior manifestação cultural popular do mundo: o Carnaval. É nessa época que o soteropolitano gasta a energia do ano todo, correndo atrás do trio, correndo atrás de mulher ou correndo da polícia. O carnaval é tão importante para o baiano que, para não ter que esperar um ano inteiro, já se inventou uma série de festas como Festival de Verão, Bonfim Light, Babado Elétrico, Trivela, Ensaio Geral,  Sauípe Folia, Piu-Piu, Sfrega, Bosque, 2 de julho, Lavagem de Ondina, Lavagem do Beco e muitas outras lavagens.

Língua
Em Salvador é falado o Baianês, que conta com seu próprio alfabeto: A Bê Cê Dê É Fê Guê Agá I Ji Lê Mê Nê Ó Pê Quê Rê Si Tê U Vê Xis Zê.
Ao contrário do que muitos pensam, o Baianês não é falado lentamente, mas sim cantado. Não existe também o gerúndio: o ‘d’ é excluído no ‘ndo’, o que resulta em ‘falano’, ‘correno’, ao invés de falando e correndo. Aletra G (fala-se Guê), também não é usada na maioria das frases, quanto tem som de J (Ji), dando lugar ao R (Rê). Simplificando: A gente, fala-se ‘Arrente.’ Mas, em alguns casos, também a letra S (Si) pode ter o som de R (Rê), de forma que a frase ‘As camisas das mulheres’ vira ‘Ar camisa dar mulé.’

Algumas frases cotidianas
Colé, meu brodi! = Olá, amigo!
‘E aí, pai?’ = Olá, amigo!
‘Fala, nigrinha!’ = Olá, amigo!
‘Diga aê, seu xibungo!’ = Olá, amigo!
‘Faaaaala, minha puta!’ = Olá, amigo!
‘Colé, miserê!!’ = Olá, amigo!
‘Diga aê, disgraça!’ 
= Olá, amigo!
‘Diga aê, negão!’ = Olá, amigo!
‘Ô, véi!’ = Ô, amigo!
‘Colé de mermo?’ = ‘Oxe!’ 

Todo baiano usa essa expressão para tudo, mas um forasteiro nunca acerta quando usa.

‘Lá ele!’ =
Eu não, sai fora! (Ou qualquer outra situação da qual a pessoa queira se livrar.)

Transportes
Os soteropolitanos contam com um sistema de transporte público extremamente pontual que nunca se atrasa para o dia seguinte. O metrô, por exemplo, até agora nunca teve nenhum caso de atraso, a não ser os 30 anos de obra, ainda não concluídos. Salvador também tem o único metrô que passa por cima da cidade  ao invés de por baixo (alguns dizem que a Disney está querendo comprá-lo, pois é a maior montanha russa do mundo.)

Moda em Salvador 
É a única cidade em que o Reveillon está sempre na moda. Todo mundo veste branco o ano inteiro, a não ser no carnaval, quando a única vestimenta usada é o abadá. Lojas de moda não lucram em Salvador, pois os ingressos das festas já vêm com a camisa.

Economia   
Só se sabe que o baiano nunca tem dinheiro para nada. Mas sempre sobra pra bebida e pro Chicretão.’
***

Não repassem além dos limites da ‘província’!!! 
Sabe comé… Roupa suja se lava em casa, né mermo meu brodi?
Grande abraço

                                                 Autor preguiçoso desconhecido

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A Rosa da Serra do Ramalho

      A rosa da Serra do Ramalho. *

     

·         Fui a Serra do Ramalho colher rosas e conversar com o jardineiro, que cuida dos jardins públicos.! Gostaria de cultivar aquelas rosas. Meu antigo PC me privou de colocar uma foto aqui, foi consumido pela fumaça dos meus cigarros.

·         É difícil passar a textura delas e a cor forte com algumas letrinhas. Diria eu, ser rubra encarnada formando aspirais simétricas, magestosa no talo, sempre cortejada por novos botões.

·        A primeira vontade que vem é de saboreá-las medindo e pesando cada pétala com os dentes e a língua. É uma sensação estonteante na medida em que voce vai mastigando com certo cuidado, parece estar viva, principalmente quando solta o aroma inconfundível!

·         Alguem na rua gritou: – tem um doido ali comendo as rosas – Não dei atenção receioso que me atirassem uma pedra! Rosolvi despencar as pétalas, das duas colhidas, em plena maturidade e me distanciar do roseiral para degustar a essência, na sombra de uma paineira.

·         Me senti possuido pelas rosas! Levei uma duas horas olhando o roseiral, deliciando-me! Em dado momento apareceu uma senhora, que se aproximou de mim me perguntando: – O senhor gostou delas? Respondi afirmativamente, quando ela me fez o convite para tomar um vinho feito com aquelas rosas!

·         Não acreditei, era uma experiencia nova e eu poderia matar a minha curiosidade! Não me fiz de rogado e comecei a caminhar ao seu lado. Ela tinha os passos firmes e o mesmo perfume delicado das rosas. Tentei adiantar os passos para ver o seu rosto, porque de corpo era uma bela femea!

·         Ela parecia ter pressa em chegar ao seu destino! Andamos juntos, ela sempre um passo a frente, fato que começava atiçar minha cabeça limpa de devaneios. Aquelas alturas em terra estranha toda companhia era válida. Andamos aproximadamente uma meia légua, para um local que me parecia um assentamento pouco povoado, uma agro-vila.

·        Tentei travar uma conversa, mas o calor era sufocante e comecei a sentir sede. Respirei aliviado quando ela disse firmemente: – Moro aqui. Quando se anda em estrada tipo trilha, os olhos têm que ficar atentos para evitar dar de encontro com uma cobra!Tenho experiencia nessa área!

·        Era uma casinha igual a todas existentes no local com um diferencial forte! Um roseiral com as mais belas rosas que meus olhos já pousaram! Todas rubras, um vermelho encarnado que parecia sangue!

·         Fiquei paralisado por um bom tempo admirando e viajando, quando ela chegou perto de mim com um copo d´água, pude nesse instante, olhar nos olhos e me sentir indefinidamente encantado. Belíssima a guardiã das rosa!

·        Meu corpo tremeu e ela me conduziu para uma varanda de telha vã, me fez sentar num banco tosco feito de alguma madeira queimada! O perfume do roseiral já me embriagara!

·        Fiquei literalmente tonto, ainda pensei que ela puderia ter colocado algo na água, quando ela comentou: – Sinta-se previlegiado pelo seu primeiro porre com o aroma das rosas da Serra do Ramalho…

·        Meu nome é Rosa Maria das Flores, nome de batismo, fui interna de um sanatório por comer todas as rosas que tinhamos no jardim da casa de meus pais em Vitória da Conquista.

·        Me alimentava delas todos os dias como se fosse uma enorme formiga! Fugi do sanatória e caminhei a esmo durante muitos dias e noites terminando aqui minha bem aventurada decisão.

·         Plantei todas as rosa que cercam a casa, desenvolvi uma fórmula a partir do mel de abelhas e produzo artesanalmente o vinho das Rosas. – O olhar daquela femea era simplesmente devastador, de um magnestismo impar!

·         Naquele instante eu já não suava e ela me ofereceu um banho! Como não aceitar! Ela me deu um toalha de algodão impecável e me mostrou a direção do rosanário.

·         Era uma espécie de banheira com pedras brutas, a céu aberto, uma água corrente bastante fria. Fiquei receioso de entrar no meio de todas aquelas petálas rubras boiando, como se um festival fosse!

·        Ela disse que ia preparar uma refeição enquanto eu tomava o meu banho. Não sei precisar quanto tempo fiquei deitado naquele rosanário… Desconfio que dormi.

·         Em determinado instante pude ainda ver a lua passando no céu e um cântico distante, mas bastante audivel para saber que se tratava de uma canção inédita, possivelmente feita para femea das rosas por algum andarilho cantador.

·        Passei a mão numa calça curta na mochila e uma camiseta e me aventurei ir na sala. Mesa posta com velas e nada menos que umas vinte pequenas cestas feitas com espinhos das roseiras, cheios de iguarias com base nos talos e pétalas de rosa. Uma jarra do vinho de rosas na temperatura ambiente.

·         Pirei! Ela literalmente nua me convidou para jantar pondo em seu corpo, todos os manjares de rosas por ela produzido. Com a voz suave ela disse estar servido o que ela chamou de rosetalar…

·        Eu não sabia por onde começar e ela com as mãos habeis indicava o que deveria comer. Eu não sabia se comia ou afagava aquele corpo estonteante! A pele parecia um veludo tal a maciez!

·        Uma coisa ficou bem claro para mim, – não deveria usar as mãos – e assim foi feita a vontade dela e a minha…

·        Passei treze dias nesse encantamento e perdi quase quinze quilos! Lembro dos últimos instantes antes de partir, enquanto recebia uma massagem com talos cheios de espinhos, a senhora das rosas, me fez prometer de nunca mais alí voltar.Vez ou outra a saudade aperta… 

·        Quando dei por mim estava sentado no mesmo lugar da praça, na sombra da paineira, e o cheiro das rosas impregnando minha alma sertaneja…

                                                           Olympio de Azevedo

                                                                                    Terra de Oxalá

                                                                                      26.03.09

*Conto floral com base no “Cântico dos Cânticos”,

  sem preocupações teológicas ou literárias. Cap. V

 

 

 

 

 

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