A rosa da Serra do Ramalho. *
· Fui a Serra do Ramalho colher rosas e conversar com o jardineiro, que cuida dos jardins públicos.! Gostaria de cultivar aquelas rosas. Meu antigo PC me privou de colocar uma foto aqui, foi consumido pela fumaça dos meus cigarros.
· É difícil passar a textura delas e a cor forte com algumas letrinhas. Diria eu, ser rubra encarnada formando aspirais simétricas, magestosa no talo, sempre cortejada por novos botões.
· A primeira vontade que vem é de saboreá-las medindo e pesando cada pétala com os dentes e a língua. É uma sensação estonteante na medida em que voce vai mastigando com certo cuidado, parece estar viva, principalmente quando solta o aroma inconfundível!
· Alguem na rua gritou: – tem um doido ali comendo as rosas – Não dei atenção receioso que me atirassem uma pedra! Rosolvi despencar as pétalas, das duas colhidas, em plena maturidade e me distanciar do roseiral para degustar a essência, na sombra de uma paineira.
· Me senti possuido pelas rosas! Levei uma duas horas olhando o roseiral, deliciando-me! Em dado momento apareceu uma senhora, que se aproximou de mim me perguntando: – O senhor gostou delas? Respondi afirmativamente, quando ela me fez o convite para tomar um vinho feito com aquelas rosas!
· Não acreditei, era uma experiencia nova e eu poderia matar a minha curiosidade! Não me fiz de rogado e comecei a caminhar ao seu lado. Ela tinha os passos firmes e o mesmo perfume delicado das rosas. Tentei adiantar os passos para ver o seu rosto, porque de corpo era uma bela femea!
· Ela parecia ter pressa em chegar ao seu destino! Andamos juntos, ela sempre um passo a frente, fato que começava atiçar minha cabeça limpa de devaneios. Aquelas alturas em terra estranha toda companhia era válida. Andamos aproximadamente uma meia légua, para um local que me parecia um assentamento pouco povoado, uma agro-vila.
· Tentei travar uma conversa, mas o calor era sufocante e comecei a sentir sede. Respirei aliviado quando ela disse firmemente: – Moro aqui. Quando se anda em estrada tipo trilha, os olhos têm que ficar atentos para evitar dar de encontro com uma cobra!Tenho experiencia nessa área!
· Era uma casinha igual a todas existentes no local com um diferencial forte! Um roseiral com as mais belas rosas que meus olhos já pousaram! Todas rubras, um vermelho encarnado que parecia sangue!
· Fiquei paralisado por um bom tempo admirando e viajando, quando ela chegou perto de mim com um copo d´água, pude nesse instante, olhar nos olhos e me sentir indefinidamente encantado. Belíssima a guardiã das rosa!
· Meu corpo tremeu e ela me conduziu para uma varanda de telha vã, me fez sentar num banco tosco feito de alguma madeira queimada! O perfume do roseiral já me embriagara!
· Fiquei literalmente tonto, ainda pensei que ela puderia ter colocado algo na água, quando ela comentou: – Sinta-se previlegiado pelo seu primeiro porre com o aroma das rosas da Serra do Ramalho…
· Meu nome é Rosa Maria das Flores, nome de batismo, fui interna de um sanatório por comer todas as rosas que tinhamos no jardim da casa de meus pais em Vitória da Conquista.
· Me alimentava delas todos os dias como se fosse uma enorme formiga! Fugi do sanatória e caminhei a esmo durante muitos dias e noites terminando aqui minha bem aventurada decisão.
· Plantei todas as rosa que cercam a casa, desenvolvi uma fórmula a partir do mel de abelhas e produzo artesanalmente o vinho das Rosas. – O olhar daquela femea era simplesmente devastador, de um magnestismo impar!
· Naquele instante eu já não suava e ela me ofereceu um banho! Como não aceitar! Ela me deu um toalha de algodão impecável e me mostrou a direção do rosanário.
· Era uma espécie de banheira com pedras brutas, a céu aberto, uma água corrente bastante fria. Fiquei receioso de entrar no meio de todas aquelas petálas rubras boiando, como se um festival fosse!
· Ela disse que ia preparar uma refeição enquanto eu tomava o meu banho. Não sei precisar quanto tempo fiquei deitado naquele rosanário… Desconfio que dormi.
· Em determinado instante pude ainda ver a lua passando no céu e um cântico distante, mas bastante audivel para saber que se tratava de uma canção inédita, possivelmente feita para femea das rosas por algum andarilho cantador.
· Passei a mão numa calça curta na mochila e uma camiseta e me aventurei ir na sala. Mesa posta com velas e nada menos que umas vinte pequenas cestas feitas com espinhos das roseiras, cheios de iguarias com base nos talos e pétalas de rosa. Uma jarra do vinho de rosas na temperatura ambiente.
· Pirei! Ela literalmente nua me convidou para jantar pondo em seu corpo, todos os manjares de rosas por ela produzido. Com a voz suave ela disse estar servido o que ela chamou de rosetalar…
· Eu não sabia por onde começar e ela com as mãos habeis indicava o que deveria comer. Eu não sabia se comia ou afagava aquele corpo estonteante! A pele parecia um veludo tal a maciez!
· Uma coisa ficou bem claro para mim, – não deveria usar as mãos – e assim foi feita a vontade dela e a minha…
· Passei treze dias nesse encantamento e perdi quase quinze quilos! Lembro dos últimos instantes antes de partir, enquanto recebia uma massagem com talos cheios de espinhos, a senhora das rosas, me fez prometer de nunca mais alí voltar.Vez ou outra a saudade aperta…
· Quando dei por mim estava sentado no mesmo lugar da praça, na sombra da paineira, e o cheiro das rosas impregnando minha alma sertaneja…
Olympio de Azevedo
Terra de Oxalá
26.03.09
*Conto floral com base no “Cântico dos Cânticos”,
sem preocupações teológicas ou literárias. Cap. V